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Ser corrigido faz parte da dança

Ser corrigido faz parte da dança. Desconfie sempre de um professor que não faz correções: ou ele não sabe o que está fazendo ou não se importa com você. Também desconfie daquele que corrige demais, talvez  ele esteja exigindo além do que você pode fazer naquele momento.
Mas vamos partir do princípio que os professores sabem muito bem o que estão fazendo. A questão é outra. Por que há alunos que se sentem ofendidos quando são corrigidos?
Nem adianta dizer “eu não sou assim!”, porque todo mundo já teve vontade de responder quando recebeu uma correção. Eu mesma tive vontade uma porção de vezes e já xinguei todos os meus professores em pensamento. Em pensamento. Aprendi que é necessário me calar e ouvir atentamente o que estou fazendo errado.
Sim, ouvir atentamente. Não responda, não bata o pé, não faça bico, não tenha acesso de birra. A sala de aula não é a sala da sua casa. E gente mimada, em qualquer idade, não combina com ballet clássico. Você pode até não gostar do seu professor, mas lhe deve respeito. Você foi corrigida? Não é pessoal. Ou, pelo menos, não deveria ser. É muito melhor saber onde está o erro do que fingir que ele não existe.
Claro, nem sempre conseguimos corrigir rapidamente. Também nem sempre basta o professor dizer o que está errado, como se nossa inabilidade fosse resolvida de uma hora para outra. Especialmente quando começamos mais tarde. Mas se a falha foi apontada, preste atenção. Alguma coisa isso quer dizer.
Eu já fui uma aluna mais ardida, mas nunca rebati ninguém por questões técnicas. Em quatro anos de ballet, tive quatro professores diferentes. O meu nível de paciência foi aumentado. Hoje, eu fico quieta. Depois repito em casa. Presto atenção por que certas coisas não saem como deveriam. Ou não saem. Porque são essas correções que farão de mim a bailarina que eu quero ser.
Este vídeo é um belo exemplo de correção bem-feita e bem-entendida. Ensaio da “Variação de Giselle”, primeiro ato, Ópera de Paris. A Laetitia Pujol está sendo ensaiada pela Elisabeth Platel e pela Alicia Markova. Se entendi bem, a Alicia pede a ela para dar mais vivacidade ao tour piquet, enquanto a Elisabeth fala especialmente sobre o passé. O que a Laetitia fez? Ouviu, entendeu, fez e arrasou.

Para mim, isso é saber corrigir. Nem um grito. Nem um estresse. E correção pontual: “Você errou isso, faça dessa forma”. Porque professores que gritam e tampouco explicam claramente o que deve ser feito, não poderão reclamar se os alunos não corresponderem. Eu sempre acho que didática e delicadeza fazem milagres.

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